A experiência do Qatar no aproveitamento de recursos para a sua economia pode acelerar o desenvolvimento de Angola, defendeu com toda a originalidade, em Doha, o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto. Finalmente. Ao fim de 44 anos o MPLA encontrou o elixir (remédio infalível e não aguardente de cana). Bravo!
No balanço da visita oficial do Presidente da República, João Lourenço, ao Qatar, o chefe da diplomacia angolana afirmou que é o início de novo ciclo das relações bilaterais entre os dois estados. Por saber (embora já não existam muitos) está quais os países que se seguem na agenda do Presidente e que tenham outros tipos de elixires.
Manuel Augusto lembrou que Angola e Qatar têm relações diplomáticas já há alguns anos, mas nunca foram traduzidas em termos de cooperação económica em acções concretas, tudo porque os governantes de José Eduardo dos Santos, muitos dos quais são hoje governantes de João Lourenço (ele próprio um dos eminentes de Dos Santos), andaram a fazer o que hoje continuam a fazer: chular os angolanos.
(Informação para o Departamento de Informação e Propaganda do MPLA e para a sua sucursal ERCA. Chular: Viver à custa de alguém, abusando da sua generosidade; Obter lucros indevidos ou de forma ilícita; Cobrar excessivamente)
Para o governante do MPLA, há similaridades entre as duas nações, sendo que a mais visível é o facto de ambos serem países produtores e exportadores de petróleo e gás, mas “há também diferenças muito grandes entre os dois.
Justificou que isso se reflecte no resultado da utilização das receitas do petróleo, que são diferentes. Reconhece que o Qatar soube e continua a saber usar as receitas para gerar desenvolvimento, prosperidade, coisa que Angola precisa e não soube fazer durante os últimos 44 anos em que foi desgovernada sempre pelo mesmo partido, o MPLA.
Manuel Augusto sublinhou a necessidade do país alinhar com as “boas práticas” (coisa que o MPLA não sabe o que significa e que por isso o coloca na liderança mundial dos partidos com mais corruptos por metro quadrado) para poder também usar os recursos petrolíferos, como fonte de desenvolvimento e motor para diversificação económica. No nosso caso, a diversificação tem sido mais “é cómica” do que económica.
O ministro destacou que a visita de dois dias do Presidente do MPLA e da República, bem como do Titular do Poder Executivo, foi “muito intensa” pelo nível de contactos estabelecidos, o que permitiu confirmar a seriedade da parceria com este país do Médio Oriente para acelerar o desenvolvimento de Angola, o que pode ser aquilatado um função do valor do fiado.
Segundo o ministro, tudo será feito (em linguagem do MPLA isso significa ajudar os poucos que têm milhões a ter mais milhões e contribuir para que os milhões que têm pouco ou nada passem a ter ainda menos) para que os operadores económicos dos dois países, suportados pelos respectivos governos, possam realizar projectos com vantagens mútuas.
Angola e Qatar assinaram domingo, no Palácio Real do Emir, em Doha, seis acordos de interesse comum que marcam nova etapa de cooperação económica em diversos sectores. Desconhece-se se, como num passado recente, João Lourenço pretenderá levar Doha para o Cunene, tal como queria levar a Califórnia para Benguela.
Este “pequeno gigante” de 2.710 mil habitantes, líder mundial no Produto Interno Bruto per capita (129.112 dólares), tem no petróleo, gás natural e investimentos no mercado financeiro as suas principais fontes de riqueza, pelo que Angola pretende tirar o máximo proveito da experiência.
Será que o MPLA se recorda que, em 2014, um relatório do Banco Nacional do Qatar dizia que a África subsariana era uma nova fronteira para os investidores globais, mas onde os riscos políticos e económicos abundam, apontando Angola e Moçambique como dois dos seis países mais promissores em 2015?
Concretamente o Banco dizia que “saber a diferença entre diamantes em bruto e simples pedras é essencial. Apontamos seis países que tiveram um forte desempenho nos últimos cinco anos e os mais promissores para a região em 2015: Angola, Quénia, Moçambique, Nigéria, Tanzânia e Uganda”. Dizia mesmo que são “diamantes económicos reais”.
Lembrando o crescimento económico previsto pelo Fundo Monetário Internacional – 6,5% em 2014 e em 2015 -, o banco do Qatar dizia que “o país com a expansão económica mais acelerada é Moçambique”, que tem o seu crescimento “alicerçado nos grandes investimentos em mega-projectos e com investimentos estruturantes e substanciais no sector da energia”.
Angola (o tal reino do MPLA) era descrita como “o segundo maior produtor de petróleo a seguir à Nigéria e rica noutros recursos naturais como os diamantes”, e era apontado o excedente orçamental de 4,1% em 2014 e a previsão de 5,9% em 2015.
“A produção de petróleo diminuiu ligeiramente porque a produção declinou nalguns campos já antigos, mas o crescimento deve aumentar nos próximos tempos”, acrescentava o relatório do banco.
Os aspectos positivos não escondiam, segundo o Banco Nacional do Qatar, “os variados riscos que os investidores têm de enfrentar”, entre os quais “os problemas de segurança, os maus ambientes empresariais, a fraca implementação de projectos e as dúvidas sobre a sustentabilidade dos défices orçamentais e da dívida pública”.